"Ruptura" (Severance): A Série Mais Assistida no Brasil Expõe a Face Sombria do Trabalho

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Imagine o seguinte cenário: você chega ao trabalho, entra no elevador e, de repente, todas as suas memórias pessoais desaparecem. Durante o expediente, você só se lembra da sua vida profissional. Quando o dia acaba e você sai do prédio, o oposto acontece—todo o seu dia de trabalho se apaga, e você volta a ser apenas a versão “fora do escritório” de si mesmo.

Essa é a premissa instigante de "Ruptura"(Severance), série da Apple TV+ que recentemente se tornou a mais assistida no Brasil. 

A produção tem chamado atenção por explorar questões profundas sobre a cultura corporativa contemporânea e os desafios do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Seu impacto foi tão grande que a segunda temporada se tornou uma das mais caras da história da televisão, com um custo estimado de US$ 20 milhões por episódio.

Trabalho e Vida Pessoal: Um Equilíbrio Possível?

No centro da trama de "Ruptura" (Severance) está a separação extrema entre trabalho e vida pessoal.

Embora o mecanismo de “ruptura” das memórias apresentado na série seja fictício, a discussão sobre os limites entre essas duas esferas da vida é extremamente relevante no mundo real.

Até que ponto devemos permitir que questões pessoais influenciem nosso desempenho no trabalho? E, ao mesmo tempo, como garantir que o trabalho não comprometa nosso bem-estar emocional? A série sugere que, apesar de uma separação total parecer benéfica para a produtividade, ela pode ter consequências graves, como a perda de identidade e o distanciamento de necessidades emocionais essenciais—um reflexo direto do que ocorre quando profissionais enfrentam burnout e esgotamento extremo.

Além disso, "Ruptura" (Severance) levanta questões sobre como conceitos como missão, propósito e valores são comunicados dentro das empresas.

O que acontece quando esses princípios deixam de ser genuínos e se tornam apenas palavras vazias?

A série provoca uma reflexão: estamos apenas cumprindo tarefas mecanicamente ou realmente entendemos e nos identificamos com o que fazemos?

Isolamento e Falta de Comunicação no Ambiente Corporativo

A série também ilustra como a fragmentação da informação e a falta de comunicação podem criar barreiras entre equipes. Os personagens operam em “silos”, sem compreender o impacto real do seu trabalho no todo. Essa desconexão gera um ambiente organizacional marcado pela desconfiança e pelo medo—um reflexo de muitas empresas no mundo real, onde a falta de transparência e de colaboração entre setores afeta a motivação dos funcionários.

Sem uma visão clara do quadro geral, os trabalhadores se tornam apenas executores de tarefas, sem conexão com os objetivos maiores da empresa ou com o impacto do que produzem na sociedade.

A Trama e os Conflitos Corporativos

Dirigida por Ben Stiller, a série acompanha Mark (Adam Scott), líder da equipe de refinamento de macro-dados na corporação Lumon. Embora nenhum dos funcionários entenda exatamente o significado de seu trabalho, eles seguem a rotina sem questionar.

A partir dessa premissa, Severance aborda diversos temas relacionados ao mundo do trabalho. Alguns dos mais marcantes são:

1. Saúde Mental e Burnout

Na série, quando alguns personagens tentam reverter o procedimento de ruptura da memória, eles são acometidos pela chamada “doença da ruptura”, que se manifesta com flashes incontroláveis do ambiente corporativo em momentos fora do trabalho. Essa condição é uma clara metáfora para o burnout, em que o esgotamento profissional começa a invadir e comprometer a vida pessoal do indivíduo.

2. Propósito e Motivação

Como os trabalhadores da Lumon não têm memórias além da empresa, motivá-los é um grande desafio. A série critica a forma como algumas organizações tentam engajar seus funcionários por meio de prêmios sem significado real, em vez de fornecer um propósito genuíno. Muitas empresas enfatizam sua “missão” e “valores”, mas falham em torná-los algo concreto para seus colaboradores.

3. Equilíbrio Entre Vida e Trabalho

A busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos temas centrais da série. Na trama, muitos funcionários escolhem o procedimento de ruptura para escapar de traumas ou problemas pessoais—uma analogia a como, no mundo real, algumas pessoas mergulham no trabalho para evitar lidar com questões emocionais. No entanto, Severance sugere que essa solução não é sustentável e que um verdadeiro equilíbrio pode ser mais difícil do que imaginamos.

Uma Reflexão Necessária

Severance não é apenas um thriller psicológico; é uma provocação sobre como lidamos com o trabalho e o impacto que ele tem sobre nossas vidas. Em um mundo onde as fronteiras entre pessoal e profissional estão cada vez mais borradas, a série nos leva a questionar: estamos no controle de nossas carreiras ou nos tornamos meros executores dentro de um sistema que nos desconecta de quem realmente somos?

SAÚDE MENTAL NO TRABALHO AGORA É LEI 

O Brasil registrou, em 2024, o maior número de afastamentos por transtornos mentais dos últimos 10 anos: 472 mil licenças, um aumento preocupante de 67% em relação ao ano anterior. Esse crescimento reflete o impacto do estresse, da sobrecarga e de ambientes de trabalho pouco saudáveis na vida dos funcionários.

Diante desse cenário, a partir de julho de 2025, as empresas serão obrigadas a implementar estratégias para prevenir e gerenciar riscos psicossociais no ambiente corporativo, conforme a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1). 

Isso significa que será necessário identificar fatores de risco, como assédio moral, carga excessiva de trabalho e falta de reconhecimento, além de adotar planos de ação concretos para promover um ambiente organizacional mais saudável e equilibrado.

Mais do que apenas cumprir a lei, as empresas inteligentes e estratégicas podem aproveitar essa mudança para criar ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e engajadores. Para isso, a Psicologia Positiva oferece um caminho eficiente, focado não apenas na prevenção de doenças, mas no fortalecimento do bem-estar, da motivação e da felicidade no trabalho.

O resultado? Funcionários mais felizes e empresas mais produtivas!

Com a saúde mental no trabalho agora como uma exigência legal, as empresas precisam se adaptar rapidamente. Mas aquelas que enxergam essa mudança como uma oportunidade, e não apenas uma obrigação, sairão na frente.

Ao aplicar os princípios da Psicologia Positiva, que falamos em nossos livros e treinamentos, as empresas não apenas reduzem afastamentos e aumentam a produtividade, mas também criam um ambiente onde as pessoas realmente querem trabalhar. Isso significa mais inovação, engajamento, retenção de talentos e resultados sustentáveis.

A Psicologia Positiva estuda como fortalecer o bem-estar, a motivação e a felicidade das pessoas, focando no que as faz prosperar em vez de apenas tratar problemas. Aplicada ao trabalho, ela vai além da prevenção de doenças mentais, ajudando empresas a criar ambientes onde os funcionários se sintam engajados, reconhecidos e produtivos.

Cuidar da saúde mental no trabalho agora é lei e com sua abordagem inovadora e reflexões instigantes, Severance conquistou o público e segue sendo uma das produções mais relevantes do momento—não apenas como entretenimento, mas como um espelho da realidade de muitas empresas atuais.

Hoje é o último capítulo da segunda temporada da série "Ruptura". Quem está pronto para assistir?

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