Visitar os parques da Disney sempre foi um sonho para muitas famílias, mas, segundo uma matéria do The Wall Street Journal, até a própria Disney está preocupada com o impacto dos altos custos das viagens para seus parques.
Recentemente, a Disney expressou preocupação com os crescentes custos associados às visitas aos seus parques temáticos. Essa inquietação surge em meio a críticas de visitantes que consideram os preços elevados e questionam o valor da experiência oferecida.
De acordo com ex-funcionários ouvidos pelo jornal, os preços subiram tanto nos últimos anos que muitas famílias americanas começaram a considerar a experiência inacessível.
Os preços dos ingressos e serviços nos parques da Disney sofreram aumentos significativos. Por exemplo, os passes de um dia para adultos na Disneylândia ultrapassaram a marca de US$ 200 pela primeira vez em outubro, chegando a US$ 206 nos dias mais populares. Além disso, serviços que anteriormente eram gratuitos, como o FastPass para evitar filas, agora são cobrados, com opções que podem chegar a US$ 449 por pessoa por dia.
Quase 80% do aumento de preços vem de novos custos com serviços e complementos que antes eram gratuitos, enquanto o restante veio do aumento no valor dos ingressos, que superaram a inflação americana.
Esses aumentos têm levado famílias a repensarem suas visitas. Muitos relatam que os custos elevados tornam a experiência estressante, com gastos que podem ultrapassar US$ 3.000 em uma única visita. Como resultado, há uma diminuição no número de visitantes que planejam retornar aos parques no futuro próximo.
Uma viagem de 4 dias para uma família de quatro pessoas, incluindo hospedagem, já ultrapassa US$ 4.266 (cerca de R$ 25.000), um aumento de mais de mil dólares em comparação a cinco anos atrás.
Mesmo com a magia da Disney, o efeito já está sendo sentido. O crescimento da intenção de novas visitas desacelerou:
Entre 2022 e 2023, o número de famílias que afirmaram querer voltar aos parques cresceu 6%.
Entre 2023 e 2024, esse crescimento despencou para apenas 1%.
A resposta curta: depende do perfil do visitante. Para os fãs mais assíduos e dispostos a pagar, a magia continua. Mas para muitas famílias, a experiência deixou de ser acessível, e isso gera frustração.
📉 Queda na Satisfação:
De acordo com o The Wall Street Journal, muitas famílias relatam que os custos elevados tornaram a experiência menos prazerosa. A percepção é de que a Disney está cobrando mais por menos – menos benefícios gratuitos, menos tempo nos parques devido às longas filas e menos experiências acessíveis sem custos adicionais.
💬 Depoimentos Online:
Discussões em plataformas como Reddit e grupos de fãs da Disney mostram que muitos usuários estão frustrados com os custos inflacionados. O que antes era uma viagem anual se tornou um evento que precisa ser planejado com anos de antecedência devido aos preços.
🔻 Redução no Número de Visitas Repetidas:
O alto custo também está levando algumas famílias a optarem por visitar a Disney com menos frequência.
No entanto, vale destacar que a demanda pelos parques da Disney ainda é forte – só que os visitantes esperam mais valor pelo dinheiro investido.
O mercado financeiro tem olhado com preocupação para a divisão de parques da Disney, considerando-a o possível "calcanhar de Aquiles" da empresa. Segundo uma análise do Wall Street Journal, enquanto os setores de filmes e streaming estão em crescimento, os parques podem estar impedindo a valorização das ações da Disney.
📊 Desempenho das Ações
Nos últimos 12 meses, as ações da Disney subiram apenas 2%, enquanto o S&P 500 teve um crescimento de 16%. Um dos principais fatores que afetam esse desempenho é o custo das visitas aos parques.
💰 Custos e Concorrência
O analista Douglas McIntyre apontou que, no último trimestre, a receita dos parques subiu apenas 3% (para US$ 9,4 bilhões), e a receita operacional se manteve estável em US$ 3,1 bilhões. Além disso, os custos elevados têm afastado a classe média, e os concorrentes estão oferecendo alternativas mais baratas e atraentes.
🎢 Concorrência Ameaçadora
A Universal está expandindo agressivamente, com novos parques no Texas e Las Vegas, além da expansão dos complexos na Flórida e Califórnia. Parques regionais menores, com preços mais acessíveis, também estão atraindo visitantes que antes iriam para a Disney.
Mesmo com a Disney reconhecendo que está excluindo parte do seu público-alvo devido aos preços altos, a empresa não tem feito esforços significativos para tornar as visitas mais acessíveis.
Apesar das promoções e mudanças, não há sinais de que a Disney fará cortes significativos nos preços dos ingressos e dos serviços premium. A empresa continua apostando na ideia de que a demanda justificará os preços elevados.
O problema é que, se os parques continuarem a ser o “calcanhar de Aquiles” da empresa, a Disney pode enfrentar desafios ainda maiores no futuro. Como a lenda de Aquiles nos ensina, um ponto fraco pode ser fatal – e, no caso da Disney, os preços dos parques podem acabar sendo um problema mais sério do que a empresa imagina.
A Disney enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de manter a rentabilidade e, ao mesmo tempo, oferecer experiências acessíveis e satisfatórias aos visitantes. Enquanto medidas estão sendo adotadas para mitigar os altos custos, a percepção pública indica que ainda há um caminho a percorrer para que as férias na Disney sejam vistas como um investimento que vale a pena para a maioria das famílias.
A Disney ainda segue como um dos destinos mais desejados do mundo, mas a pergunta que fica é: até que ponto a magia justifica o preço?
Fontes: The Wall Street Journal / Inside The Magic
Seeds of Dreams Institute