Recentemente, compartilhamos aqui em nosso blog um artigo que revelava um fato curioso: até a própria Disney reconhece que seus parques estão caros.

Algumas semanas atrás, executivos da Disney soaram o alarme sobre o aumento dos preços dos ingressos.

Eles expressaram preocupação de que uma viagem aos parques temáticos da Disney tenha se tornado tão cara que está fora do alcance de famílias de classe média.

Atualmente, para uma família com dois adultos e duas crianças pequenas, uma visita de quatro dias ao Walt Disney World, em Orlando, custa cerca de $4.266.

Esse valor inclui a estadia em um hotel econômico da Disney, mas não cobre alimentação nem transporte.

Segundo a empresa Touring Plans, especializada em ajudar turistas a planejarem suas visitas a parques temáticos, esse custo aumentou quase $1.000 em relação a cinco anos atrás.

E agora, com a chegada do Spring Break, um dos períodos mais movimentados do ano, a Disney anunciou novos aumentos de preços, elevando o custo da experiência para níveis recordes.

A Disney espera que os parques fiquem lotados de visitantes pelas próximas quatro a seis semanas.

Os Lightning Lane Passes, passes para viver a magia de uma maneira mais leve e fluida, que já eram uma despesa extra significativa, agora estão ainda mais caros.

Mas antes de olharmos os valores - veja o que cada passe inclui:

• Lightning Lane Premier Pass (a experiência mais premium entre os passes): permite que os visitantes furem a fila uma vez em cada atração do parque, sem precisar agendar um horário específico.
• Lightning Lane Multi Pass: permite que os visitantes reservem três atrações de uma vez com horários de retorno específicos.
• Lightning Lane Single Pass: dá aos visitantes um horário específico para retornar a uma única atração, como Seven Dwarfs Mine Train, Rise of the Resistance ou Flight of Passage.

Já sabíamos que a Disney World estava elevando os preços do Lightning Lane Premier Pass para os níveis mais altos de todos os tempos durante o Spring Break, mas agora a Disney também aumentou os preços do Lightning Lane Multi Pass e do Lightning Lane Single Pass para valores próximos dos recordes anteriores.

🎟 Lightning Lane Premier Pass (por pessoa, por dia, sem incluir o ingresso do parque)

💰 $429 no Magic Kingdom

💰 $339 no Hollywood Studios

💰 $239 no EPCOT

💰 $189 no Animal Kingdom

No final de fevereiro, os preços do Lightning Lane Multi Pass eram:

• Magic Kingdom: $29
• EPCOT: $24
• Hollywood Studios: $29
• Animal Kingdom: $17

Nesse início de março, esses preços aumentarão pelo menos $3 por parque e, em alguns casos, até $12. Os novos preços para o Spring Break são:

• Magic Kingdom: $39
• EPCOT: $32
• Hollywood Studios: $32
• Animal Kingdom: $29

Sentiram a diferença e a dor no bolso do consumidor? Pois é!

É interessante ver que o Animal Kingdom teve o maior aumento de preços, mesmo sendo o parque com menos atrações disponíveis para uso do Lightning Lane.

Os passes individuais (Lightning Lane Single Pass) também sofreram reajustes.

Veja os preços para algumas atrações em fevereiro e no início de março:

• Seven Dwarfs Mine Train: $11 → $14
• Tron Lightcycle/Run: $19 → $22
• Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind: $18 → $19
• Rise of the Resistance: $20 → $24
• Flight of Passage: $16 → $18

Estratégia da Disney de Precificação

Há rumores de que a Disney está aplicando preço dinâmico (surge pricing) nos ingressos dos parques, e agora parece que esse modelo também está sendo usado nos serviços de Lightning Lane.

Surge pricing, ou precificação dinâmica, é uma estratégia de precificação em que os preços de um produto ou serviço variam em tempo real com base na demanda. Esse modelo é amplamente utilizado em setores como transporte por aplicativo (Uber, Lyft), passagens aéreas, hotéis, ingressos para eventos.

Diversos veículos de notícias especializados nos parques da Disney recentemente divulgaram um rumor sobre uma possível mudança na forma como a Disney precifica seus ingressos. Segundo esse rumor, os resorts Walt Disney World e Disneyland adotariam uma estrutura de preços variáveis, o que significa que o valor do ingresso para parques como Magic Kingdom, EPCOT e Disneyland poderia depender não apenas da época do ano, como já acontece, mas também do nível de lotação no momento da compra.

Como aponta o BlogMickey, o rumor indica que o preço dos ingressos para os parques se tornaria extremamente dinâmico, variando de acordo com a época do ano e a demanda geral. Embora ainda não se saiba exatamente como esse novo sistema seria implementado, isso significa que os preços dos ingressos da Disney poderiam mudar com meses, semanas ou até dias de antecedência.

Richard Greenfield, um investidor e analista respeitado, explicou o momento da possível mudança. Ele escreveu: "Dado o sucesso inicial da mudança na estratégia de precificação da Disneyland Paris, esperamos que a Disney anuncie a adoção de um modelo semelhante ao das companhias aéreas, com preços dinâmicos, nos Estados Unidos ainda no primeiro trimestre de 2025."

Porém, isso teria um impacto na experiência de planejamento dos seus "guests" (como a Disney chama os seus clientes).

Se a Disney realmente adotar essa estrutura de preços flexíveis, isso poderia ter um grande impacto na forma como os visitantes planejam suas viagens, provavelmente incentivando-os a comprar ingressos com mais antecedência do que o habitual para evitar pagar mais, caso os preços aumentem.

Greenfield, conhecido por suas opiniões contundentes, também sugeriu que a Disney poderia usar esse novo modelo de precificação para incentivar os consumidores a gastar mais cedo.

Se os visitantes potenciais temerem que os preços dos ingressos aumentem com o tempo, eles estarão mais propensos a comprar seus ingressos antecipadamente.

Se o novo sistema de precificação dinâmica for implementado, não haverá um preço fixo para os ingressos em nenhum dia específico, e a única maneira de verificar os valores será tentando comprá-los no momento.

Esse novo modelo também significaria que a Disney não precisaria anunciar publicamente os aumentos nos preços dos ingressos.

Greenfield argumentou que o fato de a Disney não precisar anunciar publicamente os aumentos nos preços dos ingressos poderia ser positivo para as tendências de público, além de melhorar a rentabilidade da empresa, aumentando o gasto médio por visitante em um mercado de viagens mais fraco.

A empresa Lightshed argumentou que, caso a Disney implemente totalmente o surge pricing, isso beneficiará suas ações, que ainda estão cerca de 45% abaixo do pico registrado em 2021.

"Dado que os parques temáticos são o principal motivo pelo qual qualquer investidor deseja possuir ações da Disney", afirmou a Lightshed, "esperamos que a mudança para uma precificação totalmente dinâmica nas próximas semanas seja positiva para o valor das ações."

O novo modelo foi introduzido na Disneyland Paris em novembro e segue estratégias de precificação já utilizadas por companhias aéreas, aplicativos de transporte, hotéis e outras indústrias do setor de viagens.

Mas será que todos são fãs dessa estratégia?

Em fevereiro passado, a rede de fast-food Wendy’s enfrentou uma forte reação negativa após anunciar que planejava cobrar preços diferentes dependendo do horário do dia.

Isso significaria que um hambúrguer poderia custar mais no horário do almoço do que no meio da tarde.

Até mesmo a senadora democrata Elizabeth Warren se manifestou sobre o caso, postando na plataforma X (antigo Twitter):

"Isso é exploração de preços, pura e simples, e as famílias americanas já tiveram o suficiente."

O surge pricing é um recurso amplamente criticado em aplicativos de transporte como Uber e Lyft.

A insatisfação é tão grande que o Lyft recentemente anunciou um recurso que permite que usuários frequentes congelem o preço das tarifas, evitando variações excessivas de valor.

A grande questão é: até que ponto a flexibilidade de preços beneficia a experiência do cliente ou simplesmente se torna uma barreira de acesso?

Fontes: Wall Street Journal / Daily Mail / Inside The Magic / Blog Mickey