Segundo fontes ouvidas pelo Deadline e pela Variety, a Disney realizou a maior rodada de cortes nos últimos 10 meses em suas divisões de televisão e cinema, como parte de um plano de redução de custos de US$ 7,5 bilhões, anunciado pelo CEO Bob Iger no início de 2023.
As demissões não envolvem o encerramento de equipes completas, mas representam cortes significativos nos seguintes setores:
Marketing de cinema e TV
Publicidade de televisão
Casting e desenvolvimento de conteúdo
Operações financeiras corporativas
A maioria dos colaboradores afetados na Disney Entertainment Television está baseada em Los Angeles.
Esta é a quarta rodada de demissões, e a maior até agora. Veja a linha do tempo recente:
Maio de 2024: Pixar cortou 14% da força de trabalho
Verão de 2024: Demissões na Disney Entertainment Television
Setembro de 2024: 300 funcionários corporativos dispensados
Outubro de 2024: 75 demitidos da ABC News
Início de 2025: menos de 200 funcionários demitidos do grupo ABC News e da área de entretenimento
A decisão reflete a necessidade da Disney de ajustar sua estrutura diante da migração do público da televisão tradicional para plataformas de streaming, como Disney+, Hulu e ESPN+. Apesar dos desafios, a empresa alcançou lucro em seu segmento de streaming no final de 2024 e anunciou planos para expandir seus parques temáticos, incluindo um novo empreendimento em Abu Dhabi.
De acordo com a Variety, a Disney posiciona os cortes como uma forma de “aumentar a eficiência operacional”.
O anúncio ocorre menos de um mês após a divulgação dos resultados do 2º trimestre fiscal de 2025, no qual a Disney reportou US$ 23,6 bilhões em receita — um crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2024.
Um dos principais destaques foi o desempenho do Disney+, que superou as expectativas:
A plataforma registrou um aumento de 1,4 milhão de assinantes, totalizando 126 milhões globalmente — acima da previsão de Wall Street, que esperava 123,35 milhões (dados: StreetAccount).
A própria Disney havia previsto uma leve queda no número de assinantes no período, o que torna esse crescimento ainda mais significativo.
O segmento de entretenimento, que engloba TV tradicional, streaming e cinema, cresceu 9% e atingiu US$ 10,68 bilhões em receita. Isso se deve, em parte, à boa performance contínua de títulos lançados no inverno e ao impulso de bilheteria com filmes como “Mufasa: The Lion King” e “Moana 2”, que compensaram resultados mais fracos de “Snow White” e “Captain America: Brave New World”.
Entretanto, a TV linear continuou puxando os resultados para baixo, com queda de 13% na receita, totalizando US$ 2,42 bilhões.
Já o segmento de esportes, liderado pela ESPN, apresentou crescimento de 5%, com receita de US$ 4,53 bilhões. O aumento foi impulsionado por mais jogos transmitidos da College Football Playoff e da NFL, o que elevou a audiência e as receitas publicitárias.
O negócio direct-to-consumer (DTC), que inclui Disney+, Hulu e outros serviços digitais, cresceu 8% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 6,12 bilhões — reflexo do aumento de assinantes e do reajuste de preços.
No segmento de experiências, que engloba parques, cruzeiros, resorts e produtos de consumo:
Receita total: US$ 8,89 bilhões (+6%)
Parques nos EUA: US$ 6,5 bilhões (+9%)
Parques internacionais: queda de 5%, para US$ 1,44 bilhão
Produtos de consumo: alta de 4%, com destaque para licenciamento do video game Marvel Rivals
A empresa atribui o crescimento nos parques à maior média de gastos por visitante e à demanda nos cruzeiros, especialmente com o lançamento do navio Disney Treasure.
A Disney enfrenta o desafio de equilibrar a redução de custos com a manutenção de sua posição de liderança no setor de entretenimento. A empresa busca otimizar suas operações sem comprometer a qualidade de seu conteúdo, reconhecendo a necessidade de se adaptar às novas demandas do mercado e às preferências do público.
Além disso, a Disney anunciou planos para construir um novo parque temático em Abu Dhabi, em parceria com a desenvolvedora local Miral. Este será o sétimo resort global da empresa e representa uma expansão estratégica no Oriente Médio.
Juliana Oliveira é Vice-Presidente do Seeds of Dreams Institute, com sede em Orlando, onde lidera treinamentos corporativos focados em excelência no atendimento, Guestologia, Clientologia e Psicologia Positiva. Com mais de 14 anos de experiência internacional em Customer Experience, já atuou em empresas globais e conhece todos os parques da Disney e da Universal no mundo. Estuda há anos a filosofia Disney e integra as melhores práticas dessas marcas em seus programas. É coautora do livro “Ubbe Iwwerks” e produtora do documentário “O Contador de Histórias”, sobre Walt Disney.
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