Recursos Humanos: A Terceira Revolução Corporativa? (Parte I)
Sempre repitimos, e com orgulho, a paixão por colaboradores. Descobrir e desenvolver suas potencialidades, como ensina a Psicologia Positiva, é como cuidar de um oásis no deserto corporativo. Já disse em palestras e artigos anteriores: “demiti” o cliente da posição de rei há muito tempo.
Sim, essa afirmação vai contra décadas de ensinamentos de gurus e papas do marketing, que idolatraram produtos e clientes como os protagonistas do sucesso empresarial. Desde os 4Ps até os 4Cs e os 4Es, passamos anos tentando decifrar as letras mágicas do marketing. Mas, no meio dessa sopa de conceitos, o colaborador foi esquecido — relegado a um papel secundário dentro do castelo corporativo.
Sempre vimos o colaborador como a causa. O cliente é consequência.
O colaborador é a semente, o cliente é a árvore e o lucro é o fruto.
E para que o fruto seja bom, é preciso escolher bem a semente, preparar o terreno e regar todos os dias.
Esse é o papel essencial de Recursos Humanos: criar condições para que as sementes germinem.
Por isso, eu “abomino” o velho conceito de “departamento pessoal”. Ele transforma uma área vital em um setor burocrático, que apenas bate ponto, processa holerites e arquiva fraquezas.
RH não é polícia. RH é jardim.
É ali que se regam talentos e florescem potencialidades.
Para entender como chegamos até aqui, vale um rápido passeio histórico.
Em 1948, James Culliton descreveu o gerente de marketing como um “misturador de ingredientes”.
Em 1953, Neil Hordon cunhou o termo “marketing mix”, incluindo produto, marca, distribuição e muito mais.
Mas foi em 1960 que E. Jerome McCarthy resumiu tudo nos famosos 4Ps: Produto, Preço, Praça e Promoção.
O produto virou o rei.
E o trono estava muito bem guardado.
Nos anos 1990, Robert Lauterborn quis mudar o foco. Criou os 4Cs: Cliente, Custo, Conveniência e Comunicação — deslocando o centro do palco para o cliente.
Outros teóricos vieram depois: Franscisco Madia, Augusto Nascimento, Christopher Graves (com seus “4Es” de Experiência, Every Place, Exchange e Evangelism). Todos contribuíram, mas quase nenhum deles colocou “colaborador” na conversa de forma profunda.
Por isso, ouso propor — quem sabe em breve — os 4Ps de Recursos Humanos: Pessoas, pessoas, pessoas, pessoas.
Colaborador é custo?
Peter Drucker, um dos maiores pensadores da administração, afirmou na década de 1960:
“O sucesso de uma empresa é determinado pelo lado de fora dela; dentro dela só há custos.”
Essa frase, confesso, faz meu coração acelerar (e não de emoção).
Como assim, “dentro da empresa só há custos”?
Com todo o respeito ao mestre Drucker — e reconhecendo o contexto histórico de sua fala —, essa visão simplesmente não cabe mais.
Hoje sabemos que o maior valor de uma empresa está do lado de dentro. São as pessoas que criam inovação, experiência, relacionamento e cultura.
Drucker também disse que “a razão de um negócio é criar um cliente”.
E Theodore Levitt completou: “Conquistar um cliente é fácil; o difícil é mantê-lo.”
Mas eu arrisco dizer: sem colaboradores engajados, nem a conquista, nem a manutenção existem.
Decidimos dividir este tema em três partes.
Nesta primeira, compartilhamos nosso olhar sobre o papel do colaborador e como o marketing nos afastou dele ao longo das décadas.
Na Parte II, falaremos sobre os desafios de quem é apaixonado por pessoas — desde as barreiras legais até os preconceitos corporativos que travam o avanço dessa nova era. Também explicaremos por que acreditamos que as pequenas e médias empresas sairão na frente nesta revolução de Recursos Humanos.
Se sua empresa já tem uma cultura voltada a colaboradores, parabéns — você está à frente do seu tempo.
Este artigo é polêmico, sim, e não pretende ser um texto fechado. Pelo contrário: escrevemos para abrir espaço a novas ideias, críticas e aprendizados.
Obrigado por sua leitura — e não perca a continuação dessa conversa sobre o que pode ser a Terceira Revolução Corporativa: a era do ser humano no centro dos negócios.
Seeds of Dreams Institute