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Quiet ambition: Jovens Trabalhadores Não Querem Liderar

Tendência mostra mudança no comportamento dos profissionais para garantir mais qualidade de vida e saúde mental.

A entrada da geração Z no mercado de trabalho trouxe impactos para as empresas ao redor do mundo. Como resultado, surge uma nova tendência no ambiente corporativo: o quiet ambition, que em tradução livre significa “ambição silenciosa”.  O comportamento descreve uma geração que tem como prioridades a qualidade de vida e a saúde mental e, para isso, não aceitam oportunidades de carreiras para não valorizem tais aspectos. 

Dados de uma pesquisa realizada pela Gallup mostram que, nos Estados Unidos, os adeptos da nova tendência correspondem a 50% da força de trabalho no país. Isso quer dizer que, para muitos profissionais, o sucesso não está mais atrelado à ascensão da carreira, mas ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. 

Dessa forma, muitos profissionais estão abertos a tomarem medidas caso percebam que o trabalho tem ultrapassado o que consideram como limite. Isso significa que estão dispostos a pedir demissão ao sinal de interesses conflitantes com a empresa, sobretudo, aqueles que colocam em risco o seu bem-estar. 

O movimento, apesar de ter fundamentos que proporcionam mais qualidade de vida para os funcionários, tende a impactar as empresas que ainda seguem padrões considerados obsoletos, como usar promoções como forma de incentivo. 

Reflexo pós-pandemia da Covid-19

A expressão quiet ambition surgiu, pela primeira vez, em uma reportagem da revista Fortune, publicada em abril de 2023. O conteúdo abordava a ambição de dezenas de pessoas que, após a pandemia da Covid-19, passaram a reavaliar seu caminho profissional. 

Um dos relatos presentes na matéria foi do escritor e autor do livro “Roube como um Artista: 10 dicas sobre criatividade”, Austin Klean. Em seu depoimento, ele compartilhou que está tentando trabalhar mais por seus próprios objetivos e citou gostar do termo quiet ambition. 

Após a publicação, o conceito se popularizou e passou a ser um dos mais comentados no ambiente corporativo para indicar o movimento liderado pela geração Z, mas que também já recebe adeptos de outras gerações. O termo descreve uma tendência comportamental em que há pouco interesse de assumir cargos de maior responsabilidade em uma organização. 

A principal motivação dos profissionais é o foco na qualidade de vida e saúde mental. Para eles, os cargos de liderança estão acompanhados da necessidade de gerir pessoas e de uma carga de estresse que nem sempre é compensada pela remuneração.

Para muitos, a carreira profissional deve ser baseada em interesses pessoais. Dessa forma, preferem realizar um teste vocacional gratuito antes de ingressar no mercado de trabalho para ter certeza sobre a área escolhida, na expectativa de garantir bem-estar e realização profissional no futuro. 

O conceito não deve ser confundido com o termo quiet quitting, que descreve o comportamento de uma pessoa que, ao estar insatisfeita com o emprego, diminui a produtividade, a participação e o engajamento na empresa, ao invés de pedir demissão. 

Impactos do quiet ambition

O movimento vem chamando a atenção de empresas e pesquisadores. Ainda de acordo com a pesquisa elaborada pela Gallup, apenas 8% dos estadunidenses entrevistados desejam se tornar gestores das organizações onde trabalham, e o principal motivo são as responsabilidades que os cargos trazem, como o aumento de carga horária, estresse e cobranças. 

Um estudo com mil entrevistados da plataforma de people analytics canadense Visier mostrou que grande parte dos profissionais evita cargos de liderança para ter mais tempo livre. Apenas 4% consideram ser promovidos ao alto escalão como um objetivo importante de carreira. 

O comportamento vem sendo considerado um tipo de “contracultura corporativa”, pois no meio empresarial é comum encontrar profissionais buscando a construção de um plano de carreira no qual o objetivo é alcançar as posições mais altas na hierarquia. 

Indo totalmente na contramão do que as empresas esperam de seus colaboradores, as novas gerações podem causar impactos reais. A escassez de talentos e a falta de nomes para a sucessão de líderes é uma das possibilidades. 

Além disso, as instituições acostumadas a utilizar as promoções como meio de incentivo à produtividade irão precisar recalcular a rota. Será necessário encontrar novas formas de motivar a equipe, já que a ascensão profissional não é mais algo almejado como há alguns anos. 

Millenium Rage e a frustração com o mercado de trabalho 

O termo Millenium Rage refere-se às pessoas da geração do milênio que cresceram com a expectativa de alcançar o sucesso profissional, mas, na realidade, não vivem essa vida dos sonhos. Na tradução a “fúria do milênio” compreende a revolta daqueles que acreditaram nessas promessas e agora se deparam com uma nova geração que não deposita toda a esperança e felicidade na carreira.

Em contraste com as gerações anteriores, que ambicionavam cargos de liderança e ascensão profissional rápida, os jovens trabalhadores de hoje demonstram uma postura mais cautelosa e pragmática em relação à carreira. Essa mudança de comportamento, é reflexo de diversos fatores socioeconômicos e psicológicos que impactam as expectativas e motivações dessa geração.

É possível que um dos principais motivos para o quiet ambition esteja na desilusão com o modelo tradicional de sucesso profissional. Por conta da instabilidade no mercado de trabalho, longas jornadas e alta competitividade, muitos jovens questionam a viabilidade de investir em uma carreira tradicional, com seus altos custos e incertezas.

A Geração Y valoriza o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, priorizando atividades que gerem realização e impacto positivo no mundo. Essa busca por um trabalho com significado vai além da remuneração e status, levando-os a considerar alternativas como o empreendedorismo social e carreiras autônomas.

A frustração com a falta de oportunidades e reconhecimento também contribui para a desmotivação dos jovens. A estagnação salarial, a sobrecarga de trabalho e a falta de perspectivas de crescimento profissional são realidades comuns para muitos, gerando um sentimento de impotência e desânimo.

Diante deste cenário, empresas e gestores precisam repensar suas práticas de gestão para reativar o engajamento, a produtividade e a retenção de talentos. Investir em desenvolvimento profissional, com programas de treinamento, mentoria e oportunidades de crescimento, demonstra reconhecimento e abre portas para o avanço profissional. 

A criação de um ambiente de trabalho saudável e positivo, com flexibilidade, autonomia e reconhecimento, é essencial para o bem-estar e a produtividade dos jovens. Empresas que demonstram compromisso com causas sociais e ambientais, criando uma cultura organizacional com propósito, atraem e motivam a Geração Y.

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