Nos últimos anos, o mundo do luxo tem passado por uma transformação silenciosa, porém estratégica: cada vez mais, grandes marcas de moda, joalheria e lifestyle estão expandindo suas operações para o universo da gastronomia. De cafés dentro de boutiques a restaurantes premiados, o investimento em experiências culinárias virou tendência entre os grandes nomes do setor.
Mas por que essa movimentação?
Segundo Swannie Teboul, especialista do setor de luxo entrevistada pelo The Times, "o luxo hoje não consiste apenas em um produto, mas em uma experiência total". A afirmação traduz o que muitas marcas perceberam: oferecer uma bolsa ou um vestido já não é suficiente para manter a conexão emocional com o cliente.
A Louis Vuitton, por exemplo, tem aberto cafés e restaurantes em destinos estratégicos como Osaka e Paris. A Yves Saint Laurent acaba de lançar um restaurante de sushi em sua flagship store na Avenue Montaigne, em Paris. Chanel e Dior seguem o mesmo caminho, criando espaços gastronômicos que refletem o DNA de suas marcas.
Além de fortalecer a imagem e o vínculo emocional, o investimento em gastronomia funciona como uma porta de entrada para novos públicos. Um consumidor que talvez ainda não possa comprar uma bolsa Dior de US$ 4.000 pode, no entanto, tomar um café ou almoçar no restaurante da marca, vivenciando o lifestyle e os valores que ela representa.
Esse fenômeno tem até nome no setor: "accessible luxury experience", ou seja, experiências acessíveis dentro do universo do luxo.
De acordo com um estudo recente da Empower, o gasto médio mensal dos americanos com restaurantes chegou a US$ 857 por pessoa, superando em 33% o gasto médio com roupas e calçados, que ficou em US$ 645. Isso demonstra o quanto as experiências gastronômicas estão se tornando uma prioridade de consumo.
Outro dado importante vem da Euromonitor International, que apontou um crescimento global de 4% no mercado de bens de luxo em 2024, com destaque para categorias relacionadas à experiência, como hospitalidade, gastronomia e lifestyle.
Além de boutiques e cafés, as marcas estão ampliando sua presença na área de hospitalidade. O setor de "branded residences" – empreendimentos imobiliários que levam o nome de marcas de luxo – cresceu 230% na última década, segundo a EHL Insights. Muitas dessas residências incluem restaurantes assinados ou experiências culinárias exclusivas para os moradores.
Consultorias como Arthur D. Little apontam que o consumidor de alto poder aquisitivo busca cada vez mais experiências integradas: do hotel à residência, da boutique ao restaurante. Tudo dentro do mesmo universo de marca.
Café Dior: US$ 14
Cappuccino: US$ 14
Espresso: US$ 8
Frappuccino: US$ 15
Dior Chocolate Royal (doce): US$ 14
Amour Gelato: US$ 19
Café Dior (Paris)
Cafés pequenos: €14
Dior Star Cake: €22
Le Café Louis Vuitton (NYC & Paris)
Monogram flower ravioli: US$ 32 (Ravioli com trufas)
Dover sole meunière (cação-do-sol meunière): US$ 39–62
Burger de carne maturada: US$ 32
Vanilla entremet (sobremesa): US$ 18–24
Cappuccino: US$ 24–48 (faixa geral de starters no NY Post)
Le Café Louis Vuitton (Europa)
Hazelnut latte: €14
Charlotte aux poires (torta): €18
Sushi Park by Yves Saint Laurent (Paris)
Jantar omakase: €260 por pessoa (exclui bebidas)
Sake/wine pairing para jantares: €55–85
Almoço omakase: €70–160
Sake/wine pairing para almoço: €45–75
O investimento em gastronomia não é apenas uma ação de branding. Trata-se também de uma nova fonte de receita e de um modelo de negócios que amplia o ciclo de relacionamento com o cliente.
Além disso, restaurantes de prestígio geram tráfego para as lojas, reforçam o storytelling da marca e oferecem novas oportunidades para conteúdo, engajamento nas redes sociais e eventos especiais.
Em resumo: a moda agora também é servida à mesa.
Seeds of Dreams Institute