Nas visitas ao Magic Kingdom, gosto muito de ir à uma atração que tem tudo a ver com a Psicologia Positiva. Chama-se “Monsters, Inc. Laugh Floor”, naturalmente relacionada com o filme da Pixar.
Mas, vamos primeiro entender a história, para depois falarmos da atração e a conexão que existe com esta nova ciência da Psicologia Positiva.
O filme mostra uma empresa de produção de energia que possui infraestrutura e alta tecnologia em suas instalações. É uma história sobre monstros que assustam crianças para conseguir seus gritos e gerar energia para o mundo.
Imagine este parágrafo anterior no mundo corporativo hoje.
Líderes que se sentem orgulhosos por “assustarem” seus colaboradores. Parece absurdo, mas infelizmente eles existem e são muitos. Querem gerar produtividade (energia) através do medo, exatamente como os monstros tratam as crianças no filme.
A cidade em que se desenrola parte da ação, Monstrópolis, é bem similar ao mundo dos humanos, exceto por seus habitantes monstruosos. Mike e Sulley são empregados da empresa Monstros S.A. Sua tarefa é assustar crianças pequenas todas as noites. Assim, quando elas gritam, é armazenada uma certa quantidade de energia, vital para a sobrevivência e a comodidade daquela cidade.
No caso do mundo corporativo de hoje, o líder assustador não espera até a noite. Pelo contrário, é durante o dia que ele “suga” a energia de seus colaboradores através do medo. No mundo das empresas, energia é sinônimo de lucro, a todo custo. Não me entendam mal. Falo de equilíbrio. Tenho empresa no Brasil e nos Estados Unidos e sei que precisamos de lucros. A questão é mais profunda. É como somos lucrativos. O Seeds of Dreams Institute é lucrativo fazendo clientes e colaboradores felizes. Só isso. É opcional a escolha.
O ponto de contato entre os dois mundos é a porta do armário dos quartos. É por esse canal que os monstros invadem, momentaneamente, assustando as crianças. A empresa Monstros S.A. funciona como uma verdadeira fábrica, com turnos, gerentes, recepcionistas etc. e é responsável pela captação e pela posterior distribuição da energia em Monstrópolis. Sulley é quem assusta as crianças e Mike é seu auxiliar que manuseia o equipamento que controla as portas e armazena a energia. Eles são os recordistas da empresa em quantidade de energia armazenada. Com sua popularidade, Sulley conquista alguns inimigos. Qualquer semelhança com o mundo corporativo NÃO é mera coincidência. Ou vai me dizer que você, ao fazer sucesso, nunca teve inimigos invejosos? Eu já perdi as contas, mas não perdi a vontade de seguir em frente, deixando para trás apenas poeira.
Nem preciso entrar em detalhes da fascinante personagem Boo que jamais poderia ter entrado na fábrica. A partir daí, desenvolve-se uma afeição entre o monstro e a criança. Sulley e Mike tentam encobrir a presença dela em Monstrópolis. Por fim, eles acabam descobrindo que a presença da garotinha na empresa não fora acidental, mas sim um plano maquiavélico de seus oponentes para produzir mais energia por intermédio de tortura infligida a crianças trazidas para esse fim à fábrica.
Durante a convivência com Boo, Sulley percebe que o riso das crianças gera muito mais energia que o grito do pavor. Como consequência, a empresa passa por uma reformulação em seus princípios e as turmas assustadoras passam a ser “divertidores”. O clima na fábrica também melhora muito, torna-se mais ameno e divertido.
Será que não podemos tirar lições mágicas desta história? Será que quem a criou não estava, na verdade, representando um pouco (ou muito) do mundo corporativo? Será que vamos fazer uma reformulação em nossas empresas como acontece no filme?
A atração do Magic Kingdom relata que quando os monstros divertem as crianças, a energia gerada é nove vezes maior do que quando eles assustam as mesmas. Será que algum líder não consegue entender que um ambiente pesado não pode ser produtivo? Um ambiente onde exista medo não pode ser considerado humano?
Desde 2000, venho investindo em meu aprendizado na Psicologia Positiva. Fascinação é a única palavra que tenho para definir esta experiência. Algumas pessoas e instituições insistem em ignorar esta nova ciência. Até entendo a resistência, mas, do ponto de vista acadêmico, fica difícil contradizer instituições do peso de Harvard e Universidade da Pensilvânia, entre outras, que têm comprovado os estudos nas últimas décadas. São instituições sérias que investigam a fundo a Psicologia Positiva, com bases sólidas, comprovadas. Quem tiver interesse, leia livros de Tom Rath e Donaldo O. Clinton (do ponto de vista corporativo), e Martin Seligman, Barbra Fredrickson, entre outros (do ponto de vista mais acadêmico).
Labrador e Colaborador
Uma nova revolução está para explodir em nossa vida pessoal e profissional através da Psicologia Positiva. Eu embarquei nesta viagem há muito tempo e espero tê-los do meu lado, pois, pelo menos para mim, divertir as crianças é nove vezes mais prazeroso que assustá-las. Para mim, divertir meus colaboradores e clientes é, no mínimo, nove vezes mais inteligente e produtivo que assustá-los.
Outro dia li um artigo interessante, que não lembro o título, mas era algo como “Você é um Líder Labrador ou Pitbull”? O Claudemir Oliveira insiste que o mundo corporativo ainda vai curvar-se ao estilo labrador. Muitos executivos estilo pitbull devem estar dando risadas de minha “inocente” comparação. No fundo, no fundo, este tipo de líder assusta porque ele tem medo de perder seu espaço, sua posição, seu status. Na essência ele é medroso, fraco, covarde, inseguro e incompetente e, por isso, precisa gritar, berrar, assustar e por aí vai. O mais ridículo de tudo é que se orgulha em saber que, quando chega ao estacionamento, todos os colaboradores já começam a “tremer” de medo e “se transformam” em cordeiros para não serem devorados pelo todo poderoso. Cultura do medo dá resultado? Por quanto tempo? Óbvio que quase todas as regras têm exceção, mas o tempo dirá quem serão os sobreviventes desta guerra insana que muitos “lobos” fazem.
A história Monstros S.A. prova que o labrador (divertido) é nove vezes melhor que o pitbull (assustador). Pessoas de bom senso vão entender que escrevo de forma generalizada. Liderança assustadora consegue resultados rápidos a curto e, talvez, médio prazo. Os escravos sabiam disso, afinal chibatadas desumanas nos movem, infelizmente. Liderança gentil nos cativa, nos conquista a curto, médio, longo e “eterno” prazo. Em outro artigo, denominei este processo de liderança transcendente. Uso o mesmo nome em treinamentos corporativos que desenvolvo aqui nos Estados Unidos. Assim, acredito na conquista pela emoção, pela alegria, pela humildade, pela inteligência, pela capacidade, pela responsabilidade etc. Tudo isto gera resultados. Resultado é consequência, não causa.
Qual das duas raças tem maior probabilidade de “fidelizar” um colaborador e um cliente? Na dúvida, veja que até rima colaborador com labrador.
Por Claudemir Oliveira - Presidente e Fundador do Seeds of Dreams Institute
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