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Harry Potter versus Mickey feiticeiro nos parques mais visitados no mundo

Acabei de voltar da Califórnia, onde estive fazendo uma imersão com nossos clientes e aproveitei para estar na D23, maior conferência de fãs Disney no mundo.

Meus leitores e clientes sempre me fazem perguntas inbox sobre esse mundo de parques temáticos pelo fato de eu ter liderado estratégia global de treinamento na Disney, além de ter sido professor da Disney University.

Eu também queria muito escrever esse artigo pois recentemente revisitei, com a Juliana Oliveira, Deborah Oliveira, todos os parques e resorts da Disney (Califórnia, Flórida, Tóquio, Paris, Hong Kong e Shanghai) e da Universal (Califórnia, Flórida, Osaka, Pequim e Cingapura) no mundo inteiro.

O artigo também me dá a oportunidade de acrescentar conteúdos recentes que somente em reedições de livros consigo colocar.

Informações sobre livros aqui

Não falo em nome da empresa, mas faço aqui uma análise aprofundada de minhas experiências ao longo dos anos e como esse negócio tem evoluído.

Quais são os riscos, as oportunidades que existem nesse setor? O que os números mostram sobre esse negócio? E a D23 no Brasil? Analisarei ponto a ponto e, claro, este artigo é subjetivo, não é ciência. É uma visão bem pessoal.

 

Que tal começarmos com dados, com números?

O que os números indicam? O que os dados nos mostram?

Vejam esses números de 2023 e, em seguida, farei algumas análises. Este quadro mostra os parques de forma individual.

Estes dados da "Themed Entertainment Association (TEA) e AECOM Economics & Adviisory." dão uma dimensão do domínio Disney neste segmento.

Notem que a Disney tem 8 dos 10 parques mais visitados no mundo.

A grande surpresa na lista é você não ter a Universal Studios nos Estados Unidos. Veja que a empresa é a terceira mais visitada e fica no Japão, onde estive recentemente.

Um convite direto de Osaka para você.

Abaixo vou colocar dados dos parques combinados por empresas.

Quando colocamos os parques todos juntos, a Disney é disparada a maior do mundo, quase o dobro do grupo chinês Fantawild group.

Se vocês observarem a porcentagem na última coluna, dos dois quadros, percebemos uma correlação com a pandemia, em especial os números da China.

NÚMEROS DOS PARQUES NOS ESTADOS UNIDOS

Aqui tenho vários comentários a fazer. Primeiro comentário é sobre o EPCOT. Notem que ele subiu 19.8% de um ano para outro.

Nenhum outro parque teve tamanho crescimento. Uma das razões é a atração "Guardians of the Galaxy, Cosmic Rewind".

Essa atração teve um investimento, segundo especialistas (as empresas nunca divulgam esses números por razões estratégicas), de 500 milhões de dólares. Isso mesmo, 500 milhões de dólares. É uma das atrações mais "caras" do mundo.

Quando um parque investe pesado numa atração eles só têm um objetivo: atrair um número maior de clientes, e de preferência dos concorrentes. A Disney não teria nenhum interesse em retirar alguém dos seus outros parques para ir para o Epcot. A ideia é literalmente "roubar" do concorrente.

Coincidência ou não, vejam que os dois parques da Universal, na Flórida, tiveram "crescimento" negativo, de 9.3% cada um.

Voltando um pouco ao passado, quando a Disney criou a atração "Avatar", no Disney's Animal Kingdom, ela gerou um aumento aproximado de 10% de visitantes no parque.

Joe Rohde, um Disney' legend, é o imagineer por trás do Disney's Animal Kingdom, Avatar, etc

São números gigantes e esse do Epcot é absolutamente surreal.

Claudemir, e o SeaWorld e Busch Gardens? São parques muito importantes para a região mas que, indiretamente, depende da "briga" entre os dois gigantes, Disney e Universal Orlando.

Estes dois parques têm pontos fortes e pontos fracos.

O tema de animal é muito complexo nos dias de hoje. Se vocês notarem, o SeaWorld está se reinventando ao longo dos anos. Eles já perceberam que lidar com animais é bem complicado. Sugiro verem o filme documentário "Blackfish" se você quiser entender como o SeaWorld quase desaparece do mapa. Eles estão criando montanhas russas excelentes em Orlando e é, claramente, um movimento para sair fora do tema animais.

O SeaWorld foi reconhecido com prêmios por suas montanhas-russas inovadoras e emocionantes, destacando-se como um dos principais destinos para os amantes de adrenalina.

A Mako, por exemplo, recebeu prêmios por ser uma das melhores montanhas-russas da América do Norte, conhecida por sua velocidade e sensação de gravidade zero.

A Manta, com seu "design" que simula o voo de uma arraia, também foi premiada por sua originalidade e experiência imersiva.

O acima comprova minha teoria de que eles vão dando uma nova roupagem, mesmo dentro do tema animais. É um movimento claro.

Ué, Claudemir? E o Disney's Animal Kingdom?

Eu tenho a mesma opinião que tenho do SeaWorld.

Hoje em dia, a conscientização sobre animais é muito forte e eu sairia fora de qualquer parque com esse tema. Quando damos mentoria e a empresa menciona animais, eu, na hora, me levanto da cadeira para dar o tom que não devem nem cogitar tal conceito.

Por que será que o Disney's Animal Kingdom é o menos visitado?

É apenas uma pergunta de Claudemir Oliveira. Não necessariamente seja pelos animais, mas pode ser um atributo.

O que a Disney faz muito bem é um trabalho de relações públicas que não se nota tanto a questão animal.

Um dos argumentos da Disney é que todos os animais são provenientes de cativeiros, ou seja, no parque (que é o maior em extensão aqui na Flórida) eles têm até mais espaço, etc e tal.

A minha pergunta é: vai explicar isso para os defensores de animais? Já era....

O Busch Gardens perdeu muito terreno quando os parques em Orlando começaram a colocar montanhas russas radicais, em especial a Universal Studios.

Antes, todos tinham de ir a Tampa para ver as mais radicais. Eles ainda são bem fortes nessas atrações, mas os parques em Orlando trouxeram muitas atrações com muita adrenalina. Jurassic World VelociCoaster, na Universal, é apenas um exemplo. Esta atração faz Tron Lightcycle Run, da Disney, parecer "It is a small world". Claro, uma generalização, mas dá o tom dos motivos pelos quais devemos sempre respeitar a Universal Studios. Vi de perto o que eles fazem em Pequim, Osaka e Singapura. São espetaculares no que oferecem.

Repito: Osaka foi o terceiro parque mais visitado no MUNDO. Isso mesmo. Do mundo. Então, respeito é bom e a Universal merece.

Detalhe: o Busch Gardens existe desde 31 de março de 1959. Ou seja, eles já estavam na região muito, muito antes de Walt Disney World que chegou em 1 de outubro de 1971. Estamos falando de 12 anos de diferença. Temos de respeitar.

Posso garantir que Walt Disney sabia em detalhes disso, quando eles começaram a comprar as terras na região de Orlando.

Nem vou comentar de Cypress Gardens (hoje Legoland Florida Resort) que também existia muito antes de 1971.

A grande maioria das pessoas acham que a Disney abriu tudo aqui, mas eles já estavam.

Claro, não se pode comparar o nível dos projetos, não se pode comparar a magnitude que Walt Disney trouxe para a região, mas eu não deixo isso passar em branco para ser justo com a história.

É minha forma de dar crédito a quem merece. 

Isso me leva a comentar sobre o Knott's Berry Farm, número 11 acima no quadro. A história desse parque é muito interessante. No mesmo ano que Walt Disney e Roy Disney fundaram o Disney Brothers Studio (1923), a família Knott vendiam frutas vermelhas e tortas numa estrada próxima da State Route 39, na Califórnia.

Em junho de 1934, eles começaram a vender frangos fritos, num salão de chá e, mais tarde, nomearam este local como "Mrs. Knott's Chicken Dinner Restaurant".

Transformou-se em um grande sucesso atraindo muitos turistas.

Em 1940, com a construção de uma réplica de"Ghost Town", dava início o que hoje é o parque temático.

Mas Claudemir, por que tanto detalhe no artigo que fala de números de parques?

Porque Walt Disney era muito amigo do Walter Knott e está provado que a Disneylândia, que só foi aberta em 1955, tem, sim, inspiração nesse parque. É um dado importante que nem o biógrafo oficial de Walt Disney, Bob Thomas, conseguiu detalhar. Nem vou comentar as visitas de Walt Disney à Dinamarca para visitar o Tivoli Gardens, fundado em 15 de agosto de 1843.

Eu adoro fazer justiça à história. Na minha primeira biografia sobre Walt Disney, pelo Senac, não sabia de algumas histórias, mas agora, ciente, não posso deixar passar em branco.

Aliás, recomendo a leitura da biografia de Neal Gabler, "O triunfo da imaginação americana", um livro bem completo.

D23 NOS ESTADOS UNIDOS E D23 NO BRASIL

Antes de eu fazer uma análise sobre o futuro dos parques nos EUA, em especial, na Flórida, gostaria de tocar no assunto da maior conferência mundial de fãs Disney. E quero fazer isso porque a maioria dos anúncios feitos têm a ver com o mundo dos parques.

Quando a Universal Studios anunciou seu novo parque, Epic, meses depois a The Walt Disney Company anunciou que iria investir 60 bilhões de dólares nos próximos dez anos. Desses 60 bilhões, 30 bilhões seriam investidos na divisão de parques.

A Disney nunca vai dizer que foi uma resposta à Universal Studios, mas não deixa de ser. Rsrsr.

Uma quantia de 30 bilhões de dólares é gigante. Só para dar uma ideia, o parque mais caro fora dos EUA, Shanghai, custou 5.5 bilhões de dólares. A atração Guardians de Galaxy, 500 milhões. Então, é muito. Muito dinheiro. O Epic está longe, muito longe de custar isso.

Dito isto, em termos de percepção, eu acredito que a Universal tem uma vantagem bem interessante e me explico.

Havia boatos de que a Disney abriria um quinto parque temático para responder à altura à Universal.

Eu NUNCA acreditei nisso e explicarei meu ponto com números nas linhas mais abaixo.

Havia boatos que isso seria anunciado durante a D23, já que é o palco onde a Disney anuncia seus projetos gigantes.

A Disney anunciou muitas novidades, em seus parques nos EUA e pelo mundo, mas nada de parque novo.

Claudemir, qual é a vantagem da Universal já que ela não vai precisar investir tanto dinheiro quanto a Disney?

Muito simples: a Disney está fazendo melhorias nos parques, com novas áreas, novas atrações, etc... vão investir até mais que o próprio Epic, mas é diferente você dizer que está melhorando as atrações e você dizer que vai abrir UM NOVO PARQUE.

Aí está a grande vantagem do concorrente. Vão investir menos, mas em termos de percepção, abrir um parque novo dá outro significado na mente humana.

D23 NO BRASIL: UM ERRO BÁSICO DE "BRANDING"
Antes de eu explicar meu racional porque a Disney dificilmente abriria um parque novo só para responder à Universal, deixe-me, em poucas palavras, explicar porque a D23 no Brasil não faz o menor sentido do ponto de vista de BRANDING.

É claro que do ponto de vista de marketing, eu aplaudo a Disney Brasil de ter conseguido convencer a ter essa conferência no país.

Então, os profissionais brasileiros estão de parabéns, mas repito, do ponto de vista de branding, eu puxaria a orelha de quem autorizou isso e me explico.

Argumento 1: Quebra a exclusividade que sempre houve no tema D23. Sempre aconteceu na Califórnia; simples assim. O que vão falar agora para qualquer outro país onde a Disney exista?

Argumento 2: Que novidade a D23 Brasil vai ter, apenas 3 meses após a conferência onde quase todos os grandes projetos já foram anunciados? Eu adianto, não vamos ter grandes novidades, pois elas já foram anunciadas.

Mas vamos lá, eu vou ser bonzinho. A D23 Brasil só se salvaria nestes três cenários e todos eles são bem difíceis de acontecer, MAS é possível. Caso uma dessas três coisas aconteça, eu vou dar um descontinho para esse erro grave de fazer tal conferência apenas 3 meses após a da Califórnia:

1 - Abertura de um parque no Brasil

2 - Abertura de um pavilhão no Epcot

3 - Ter algum cruzeiro Disney passando pelo Brasil.

Repito, acho bem, bem improváveis as três, em especial a número 1, onde vejo muita gente falando que vai acontecer.

Eu ouço isso desde que eu abri a divisão parks & resorts, no Brasil, em 1995.

Todo mês chegava à minha mesa alguma notícia que a Disney abriria um parque no país. Como a Disney anunciou mais 4 navios novos durante a D23, pode ser uma possibilidade, mas também acho difícil. Pavilhão, em todas D23, que participei, os brasileiros diziam que iriam anunciar tal projeto no Epcot. Não é tão simples assim.

Se isso acima não acontecer, não tiro uma vírgula do erro gigante da empresa em fazer o evento no Brasil. Note, falo do ponto de vista de BRANDING. Cuidado em achar que eu torço contra. É uma análise com dados. Se você tiver dúvidas, me responda mais uma vez: o que a D23 Brasil vai ter de novidade apenas três meses após a D23 americana ter praticamente TUDO anunciado?

Outro dia, ouvi alguém dizer que a grande novidade é que vão ter produtos exclusivos sobre a D23 Brasil.

Meu Deus, que novidade é essa? Que exclusividade é essa? É óbvio que vamos ter produtos exclusivos. Desculpe-me meu termo popular, mas "me poupem" de tanta inocência. Subam a régua, por favor.

Também tenho amigos defendo a conferência e dizendo: "Claudemir, não espere anúncios na D23 Brasil..."

A D23 é sobre ANÚNCIOS. Ponto final. Simples assim. Os fãs esperam DOIS ANOS, vão a Califórnia para saber LITERALMENTE quais são os projetos a serem anunciados.

Por acaso, existe uma exposição lá e muitas outras coisas, mas o foco é nos anúncios de investimentos em todas as divisões da empresa. É só ler as notícias sobre a D23 que tudo está voltado para as novidades e os investimentos pesados da empresa em cinema, parques, licenciamento, etc.

Vou refrescar a memória de quem acha que a D23 não é sobre as notícias de novos projetos: São 4 navios novos e mais de 15 novidades nos parques, sem falar os anúncios de cinema.

  1. 4 navios novos que elevarão a frota a um total de 13.
  2. Monstros S.A. no Disney's Hollywood Studios
  3. Carros, no Disney's Magic Kingdom
  4. Vilões no Disney's Magic Kingdom
  5. Indiana Jones, no Disney's Animal Kingdom
  6. Encanto, no Disney's Animal Kingdom
  7. Avatar na Disneylândia
  8. Primeira figura áudio-animatrônica de Walt Disney

Um parêntese aqui. A família Disney não quer e ficou furiosa que a Disney levou para o evento da D23 alguém da família do Roy Disney, tentando passar a ideia que a família "Disney" aprova o projeto.

NÃO. A família não aprova. Eu conheci a Diane Disney Miler, filha de Walt Disney. Ela sempre foi contra. Esse projeto já rodava na empresa há anos.

Mês passado, durante a imersão com nossos clientes na Califórnia, fomos recebidos por nada mais nada menos que Joanna (Disney) Miler, filha de Diane e ela está uma fera com essa ideia de transformar seu avô em robô.

9. Homem Aranha e mais vingadores na Califórnia

10. Primeira atração de Coco chega ao Disney's California Adventure

11. Tiana's Bayou chega em 15 de Novembro de 2024, na Califórnia

12. Novo Test Track, no Epcot

13. O Mandalorian na Millenium Falcon

14. Nova parada noturna no Disney's Magic Kingdom

15. Dois novos lounges em Walt Disney World

16. Primeira atração baseada no Rei Leão chegará à Disneyland Paris

Isto dá uma ideia que a D23 é para isso. Ponto pacífico.

Na área de filmes, anunciaram Moana 2, Os Incríveis 3, Frozen 3 (e já falaram que em 2017 sai Frozen 4), Toy Story 5, e por aí vai.

Walt Disney não era muito fã de sequências. Segundo ele, uma empresa, cujo principal atributo é CRIATIVIDADE, não pode se dar ao luxo de repetir fórmulas.

Ele até tentou fazer sequência com os "três porquinhos" que era um sucesso. Mas percebeu que era um erro grave. Tanto que usou a expressão: "you can't top pigs with pigs!" (Você não pode superar porcos com porcos, numa tradução livre. Ou seja, é a mesma coisa).

Claro, são outros tempos agora, mas a mensagem dele faz todo sentido.

Voltando ao meu ponto inicial, dizer ou tentar justificar que a D23 Brasil não foi feita para ter anúncios é um argumento fraco.

Então, não é D23.

No Japão, chamaram de D23 expo Japan; Em Orlando, chamaram de Destinations D23.

No Brasil, venderam como se fosse uma D23, como acontece na Califórnia. Tem dúvidas? Veja essa arte do site oficial:

Notem que imitaram até no número de dias. Não se menciona em nenhum lugar a palavra EXPO. Por que? Porque passa a ideia que será no mesmo nível da D23 original. Ainda tem dúvidas? No site oficial, o vídeo principal mostra, inclusive, imagens da D23 na Califórnia passando a sensação que será "igual".

Simples assim. Os fãs Disney podem gritar, berrar, espernear à vontade e acharem que estou delirando. Não estou. Todos sabem que eu sou muito fã até por ter trabalhado lá por 15 anos.

Por isso, eu insisto: erro de "branding". Não estou dizendo que não vai ser lindo, maravilhoso, que o pessoal não vai curtir. Erro de branding. Claudemir,

Vai ser tão legal que eu estarei presente, mas isso não tira o óbvio ululante dos meus argumentos acima.

VAMOS ANALISAR PORQUE A DISNEY NÃO DEU A NOTÍCIA DE UM NOVO PARQUE NOS EUA?

Vi muitos posts sobre a possibilidade de a Disney dar uma resposta à Universal com um quinto parque. Eu sempre disse que as chances eram mínimas. Não é arrogância, amigos. SÃO DADOS. FATOS.

Dados eliminam boa parte dos boatos. Estes números são aproximados de quantas pessoas cabem em cada um dos parques da empresa. Fonte: WDW news.

Agora, vamos fazer um pequeno exercício, inclusive usando os números reais de 2023 de quantas pessoas visitaram cada parque.

Vamos lá?

Magic Kingdom teve 17.700.000 visitantes. Vamos dividir isso por 365 dias, temos aí uma média de 48.493. Veja o quadro acima e note que não chega à metade da ocupação.

Ah, Claudemir, mas quando eu estava no parque estava lotado. Tudo bem, me explique então os números acima.

Ah Claudemir, os parques são tão cheios que temos inclusive de pagar pelas atrações. Tudo bem, mas os números são de que podemos chegar a 100.000 pessoas e a média foi 48.493.

É fácil você encher parques sexta, sábado e domingo. E segunda, terça, quarta, quinta e sexta?

É claro, pessoal, que minhas observações podem ter uma ou outra brecha, mas de uma forma generalizada, o parque cabe 100.000 pessoas e a média foi de 48.493. É fato. É dado.

O acima explica porque eu nunca acreditei que a Disney anunciaria uma resposta à Universal com um novo parque.

Isso quer dizer que nunca vai acontecer? Claro que não, afinal há terra suficiente, em Orlando, para abrir VÁRIOS PARQUES Disney se assim eles quiserem, mas do ponto de vista de negócios isso não vai acontecer tão cedo.

Em nível de curiosidade, a Disney não usou nem 50% das terras compradas pelo gênio Roy e Walt Disney na década de 60.

Vamos analisar um a um?
Epcot

O Epcot recebeu 11.980.000 visitantes. Dividindo por 365 dias, temos aí uma média diária de 32.822 pessoas. O parque pode acomodar até 110.000 pessoas. E aí? Você abriria um novo parque quando você tem um parque que ainda tem o potencial de colocar mais 77.178 pessoas? Amigos, são NÚMEROS. São DADOS. Fofoca é outro "business" que eu não entro.

E notem que a situação do Epcot não é pior porque ele cresceu quase 20% nesses dados de 2023. Seria ainda mais trágico se eu pegasse números de anos anteriores.

Entendem agora porque a Disney investiu tanto em Avatar (no Disney's Animal Kingdom) e Guardians of the Galaxy no Epcot?

É porque a Disney tem números e ela sabe que precisa encher mais o parque. E note a dificuldade. Mesmo com esse crescimento de quase 20%, muito provavelmente pela nova atração, os caras ainda têm 77.178 lugares POR DIA para encher.

Vamos ao Disney's Hollywood Studios?

Eles tiveram 10.300.000 visitantes, uma média de 28.219 pessoas no parque diariamente. A capacidade aproximada é de 60.000.

A pergunta do Mickey Mouse, de um bilhão de dólares, antes de qualquer ideia de novo parque deve ser:

"Como fazemos para atrair mais 31,781 convidados para encher esse parque?"

E, finalmente, vamos ver o Disney's Animal Kingdom:

O parque recebeu 8.770.000 visitantes, com uma média de 24.027 pessoas. O parque tem capacidade para 60.000. Ainda temos 35.973 vagas para serem preenchidas.

Volto a repetir que podemos ter alguma brecha nesses números para termos algum erro, mas as margens para erros são mínimas.

Os números deixam claro que não faz, não faria, não fará qualquer sentido abrir um novo parque quando há capacidade ociosa.

RESUMO DESSE CENÁRIO

Eu fiz uma soma de todos os parques Disney e dá uma olhada no resultado.

Se a gente somar o espaço dos 4 parques com o número de visitantes chega a ser assustador para o financeiro da empresa pensar em novos parques.

O total é de 48.750,000 visitantes, que dá uma média diária de 133.561 visitantes. Na soma total, existe a capacidade de 330.000.

E aí, alguém abriria um parque novo somente para mostrar à Universal que o Mickey Mouse não vai ficar atrás?

Claro que não! Tanto que a Disney não anunciou e dificilmente vai anunciar.

A Disney vai investir esses 30 bilhões de dólares exatamente para atrair mais convidados para essa parte ociosa que os parques ainda têm.

Simples assim.

Simples assim.

Simples assim.

Claro, alguém aí do outro lado pode fazer uma pergunta de 1 milhão de dólares: "Claudemir, se os parques têm tanta "ociosidade" como se explica o pagamento ("Lightning Lane Individual ou Múltiplo) separado de atrações muito procuradas?".

O artigo é genérico e não tenho como entrar em todos os detalhes, mas essa parte "desocupada" está lá disponível, mas não necessariamente desenvolvida. Uma prova disso são as novas áreas que surgem, novas atrações, etc.

Então, quando se fala que o Magic Kingdom pode chegar a 100.000 pessoas é nesse sentido.

Saia fora das fofocas. Vem com o Seeds of Dreams Institute que você passa de ano.

ALGUMA POSSIBILIDADE DE O NOVO PARQUE "EPIC", DA UNIVERSAL STUDIOS, BATER O MAGIC KINGDOM?

É bem difícil, mas essa possibilidade existe. Estamos falando de uma diferença gigante em 2023. O Magic Kingdom recebeu mais de 17 milhões de pessoas enquanto cada parque da Universal, em Orlando, aproximadamente 10 milhões.

Uma coisa é certa, ele vai estar acima de todos os outros parques, com a exceção do Magic Kingdom, em Orlando, e a Disneylândia, na Califórnia.

Então, num cenário muito positivo, ele pode bater os dois.

A estratégia da Universal Studios é bem interessante. Eles já anunciaram que o cliente vai ser obrigado a comprar os 3 parques deles.

Você não poderá comprar apenas 1. É um golpe de mestre e explico.

A Universal não quer correr nenhum risco que seu cliente compre apenas ingresso para o Epic e deixe de ir aos outros dois parques deles.

Qual o racional deles? Já que o cliente vai ser obrigado a comprar os 3 parques, há uma tendência de esse cliente, então, ir aos três e cancelar visita ao concorrente, no caso a Disney.

Mas a Universal ja avisou que você só pode ir UMA ÚNICA vez ao Epic, talvez já antecipando que o parque vai estar cheio o ano inteiro.

Eu, com toda modéstia, e baseado até nesses números ociosos da Disney, mudaria essa estratégia exatamente para bater o Magic Kingdom pela primeira vez. Eu colocaria que o cliente pode ir apenas uma única vez ao EPIC, mas dependendo de ocupação, eles podem voltar através de alguma fila eletrônica como a Disney faz com atrações muito procuradas. Essa seria a melhor chance de o parque bater o Magic Kingdom em seu primeiro ano, mas com certeza, estará entre os 3 maiores no mundo, batendo inclusive a Universal Studios Osaka que é o terceiro mais visitado.

UMA TEMPESTADE FUTURA PARA HARRY POTTER, MICKEY MOUSE FEITICEIRO E SEUS VIZINHOS.

Todo mundo fala dos investimentos bilionários que Disney, Universal e outros parques vêm fazendo para a região de Orlando. Tudo é lindo. Tudo é maravilhoso. Mas existe uma armadilha potencial nesse cenário.

Minha análise acima, com os números, dá uma ideia que existem desafios no caminho. Como um voo num céu de brigadeiro pode ter alguma turbulência, o mesmo pode acontecer nesse setor de parques.

Existe até um livro raríssimo chamado "Storming at the Magic Kingdom" que narra as dificuldades da Disney na década de 80, quando a empresa trouxe Michael Eisner como CEO.

Ele revolucionou e salvou o império da caída. Tive o privilégio de passar 15 anos na Disney e vi de perto o estilo de liderança tanto de Eisner quanto de Bob Iger. Sou fã dos dois.

Ou seja, as empresas têm altos e baixos.

PAIS ENDIVIDADOS PELAS VIAGENS AO MUNDO MÁGICO

Uma pesquisa da "Lending Tree", empresa de empréstimos, diz que mais viajantes estão se endividando para pagar uma viagem para o Walt Disney World, em Orlando, Flórida.

"Era uma vez um sonho" está se tornando "era uma vez uma dívida" para muitos americanos, particularmente pais com filhos pequenos que viajam para terras do Mickey Mouse.

Apesar de essa pesquisa ser com americanos, converso com famílias brasileiras e com muitos agentes de viagens e o cenário parece bem parecido.

Neste pesquisa, dos pais com filhos pequenos que se endividaram por uma viagem à Disney, 83% o fizeram nos últimos cinco anos.

Cerca de 65% disseram que a dívida veio de despesas não planejadas relacionadas a alimentos, 48% disseram que veio de despesas de transportes e 47% disseram que a dívida veio de custos de acomodação.

POR QUE HÁ TURBULÊNCIA A CAMINHO, CLAUDEMIR?

Além dos números citados em parágrafos anteriores, vamos analisar o comportamento dos consumidores num futuro próximo, mas isso já está ocorrendo, na verdade. Mas tende a aumentar no futuro.

Vamos lá. Contando parques aquáticos, vejam os desafios de todos eles. Alguém vai sair ferido.

Disney: 6 parques

Universal: 4 parques

SeaWorld

Busch Gardens

Nem vou contar outros parques menores que existem na região.

Um ingresso para entrar no Magic Kingdom, dependendo da época do ano pode chegar a 200 dólares. UM DIA. Multiplique isso por vários dias, várias pessoas em uma família e você tem uma ideia. Neste artigo, já comentei a pesquisa de endividamento dos pais levando seus filhos à Disney.

Consumidores já começaram a tratar de fazer tudo em duas, três viagens. É praticamente impossível fazer todos os parques numa única viagem, sem contar que as pessoas tiram dias também para compras e descansar porque ninguém é de ferro.

A luta gigante entre os parques é sobre segurar o cliente em seu território, ou seja, o que chamamos de VPG (visita por cliente, convidado).

Veja minha análise mais acima sobre o crescimento do Epcot.

Guardians of the Galaxy atraiu quase 20% a mais de visitantes. Isso significa o seguinte: algum outro parque foi "ferido".

Claro que a Disney quer atingir não os seus outros parques, mas os concorrentes.

Quando a Universal lançou Harry Potter o racional é o mesmo.

Quando uma Disney lança um espetáculo noturno, com drones, em Disney Springs, ela quer que as pessoas não estejam no CityWalk da Universal.

Essa disputa vai aumentar consideravelmente.

Acima eu expliquei a estratégia da Universal para o Epic. Você será obrigado a comprar os 3 parques. O que ela quer? Que algum parque da Disney seja sacrificado.

A Universal é bem agressiva nesse aspecto. Às vezes, ela lança campanhas onde você compra 3 dias, mas pode usar por 14 dias, sem pagar esses dias extras. Ela quer tirar o cliente de outro território e manter o mesmo lá dentro, consumindo, aprovando seus brinquedos etc.

É briga de cachorro grande meus amigos.

Portanto, em algum momento alguma empresa vai ter sangramento. E não torço por isso. Estou aqui falando de números, dados, fatos e, claro, também alguma percepção dos meus 15 anos como executivo trabalhando para o nosso amado Mickey Mouse.

 UM AVISO IMPORTANTE A QUEM MANDA EM TUDO

Termino meu artigo com uma importante mensagem a quem lidera nosso amado Mickey Mouse e Minnie Mouse.

Quando eu abri a divisão Parks & Resorts, no Brasil, e durante meus 15 anos como executivo na empresa, e dando aulas na Disney University, eu sempre lia uma frase do próprio Walt Disney que me faz trazer essa reflexão:

"Você pode desenhar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo. Mas são necessárias PESSOAS para fazer do sonho uma realidade" Walt Disney.

Ter 60 bilhões de dólares de investimentos nos próximos 10 anos realmente dá para sonhar, criar, desenhar e construir muitos lugares bonitos nos parques e na empresa pelo mundo, mas SEM pessoas o sonho não pode se tornar realidade.

Eu amo a Disney. Sou apaixonado pela Disney.

Eu só tenho gratidão a uma empresa que me deu tantas lições, nas alegrias e nas dores.

Mas é notório que o serviço caiu nos últimos anos.

Uma empresa centenária tem tudo para ajustar os processos.

Uma empresa que tem Bob Iger e Josh D'Amaro tem tudo para arrumar a casa.

Mas espero que eles, e toda liderança, respirem 24 horas por dia a frase do fundador acima.

Ela pode ajustar as velas em momentos de tempestade.

Ela transmite meu pensamento sobre o futuro da empresa.

E que a luz que fica acesa 24 horas por dia, no apartamento de Walt Disney, na Disneyland, possa iluminar a empresa hoje e sempre.

Vou além. Que essa luz ilumine todas as empresas de entretenimento, afinal de contas, elas trabalham arduamente para conquistar o coração de seus convidados e clientes.

Uma lâmpada. Uma história. Está acesa 24 horas por dia indicando a presença do gênio Walt Disney.

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