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67 dias de liberdade e gratidão

67 DIAS DE LIBERDADE E GRATIDÃO

Esse artigo é bem mais longo que o normal; portanto, leia apenas quando tenha um tempo extra. É antigo, pois foi publicado em julho de 2012. As histórias nas suas redes sociais, na sua grande maioria, são de sucesso, de acertos. Raramente, falamos de erros que nos impulsionaram e transformaram nossas vidas. Este texto fala de superação em momentos difíceis e como devemos superá-los. Quase tudo o que escrevo é baseado em experiências pessoais. Na época (2012), também foi publicado em meu blog e redes sociais e foi inspiração para meu primeiro livro de Psicologia Positiva (na imagem e disponível aqui em nosso site). Gosto de dividir aqui, com meus seguidores, história de superação e aprendizados. No final do artigo, eu faço uma breve reflexão, mais de uma década depois.


Este é sem dúvida alguma o artigo mais difícil que já escrevi na minha vida (julho 2012). Levar a público uma dor pessoal é talvez uma das situações mais humilhantes que o ser humano pode passar. Mas a Psicologia Positiva me prova que o gosto amargo do sofrimento passageiro não pode tirar a doçura do aprendizado eterno. Fiquei detido pela Imigração americana durante 67 dias e aqui narro meus aprendizados. Do ponto de vista pessoal, não creio que necessitaria falar deste tema de forma tão aberta, mas também vejo que minha experiência pode ser útil para outras pessoas, incluindo meus amados leitores e seguidores. Além disto, minha empresa, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, tem clientes que precisam estar cientes desta história por uma questão de transparência, então por isso é um artigo público, tanto em nossos livros, quanto na internet, onde todos podem acessar, desde 2012, quando fui autorizado pelos meus advogados a publicar. 

Por ser um texto com espaço limitado e sobre uma experiência muito pessoal, óbvio que há generalizações e pensamentos extremamente subjetivos.

A Imigração americana trabalha, basicamente, em três frentes. Ela busca o imigrante ilegal, ou seja, aquele que entra no país sem um visto. Em geral, estas pessoas entram pelo México ou por Bahamas. A Imigração também pode analisar a situação de imigrantes legais, ou seja, que tenham a residência (green card) ou mesmo a cidadania americana e que tenham tido alguma situação com a justiça no passado. Os meus 67 dias com a Imigração tem a ver com este segundo caso. O terceiro, e impressionante caso, é de imigrantes que vem com o visto de turista para os EUA e ficam além do tempo dado pela Imigração tão logo entrem em algum aeroporto americano. A simples decisão de ficar um dia a mais da data estabelecida pelos oficiais da Imigração é um crime federal. Isto mesmo, um crime federal. A pessoa, caso seja detida, passa pelo mesmo processo que passei e, em geral, é deportada sem poder voltar aos EUA durante vários anos. Ou seja, muita gente não tem a menor idéia do risco que corre quando decide, inocentemente, ficar mais uns dias por aqui.

E por que tanto tempo detido, Claudemir? Porque, assim como na justiça brasileira, o processo é longo, burocrático. Só para você ter uma ideia, havia dois juizes para mais de 800 casos.  O meu problema com a justiça americana vem do ano de 2010. Depois de 15 anos mágicos trabalhando para a Walt Disney Parks & Resorts, fui despedido por uso inadequado de recursos da empresa. Usei o que chamam aqui de Disney Dollars e Gift Cards para compras pessoais e também os usei para clientes, sempre com a boa intenção de aumentar vendas para o departamento. Treinei mais de 50.000 agentes de viagens de mercados internacionais. Estas duas “moedas” eram usadas exclusivamente dentro da propriedade Disney e serviam para pagar todas as refeições e material específico durante os inúmeros treinamentos. Fui transparente com a Disney, admitindo e assumindo total responsabilidade pelo meu erro. Um final triste para alguém que tinha tudo para ter um final feliz, afinal quem me conhece sabe de minha paixão e admiração pela empresa. Descobri que nem sempre temos um final feliz em nossas vidas, mas aprendi também que, nestas circunstâncias, só temos uma opção, a opção de fazer um novo recomeço. Decidi que teria de fazer uma nova história com as lições aprendidas através desta grande dor. Meus líderes na Disney sabiam que eu tinha planos de sair da empresa, tanto que Seeds of Dreams Institute foi fundada em 2006 como um projeto do meu doutorado. Já havia uma preparação para minha saída.

Todos me perguntavam porque não estava mais na Disney e, para meu desespero, durante o processo, eu não podia comentar sobre o caso. Quase todos os meus artigos passaram a ser autobiográficos, mas usava simbolismos para narrar meu sofrimento e meus aprendizados. Entre os principais, eu destaco “O Grito dos Cordeiros”, “Resiliência ou Transcendência?”, “Um Trem Solitário” e “Recursos Humanos: a Terceira Revolução Corporativa”.

Pois bem, agora era a hora ideal para lançar todos os meus sonhos com Seeds of Dreams Institute. Como tinha minha empresa nos EUA, decidi, em maio de 2010, abri a mesma no Brasil. Em menos de dois meses, com palestras e consultoria, percebi que o lado financeiro não seria um problema. Volto em junho para os EUA para mais dedicação à tese do doutorado e resolver coisas pessoais; deixei várias palestras e conferências na agenda para depois de julho no Brasil e países na América Latina.

Ao chegar a Orlando, descobri que a Disney havia aberto um processo criminal e agora minha luta era com a justiça americana. Aí, sim, começava meu verdadeiro pesadelo. Era um baque tremendo pois estava a meses de minha tão sonhada cidadania e tantos negócios na agenda. Depois de me apresentar voluntariamente e prestar todas as informações, recebi a afirmativa do detetive que poderia fazer minha viagem ao Brasil, mas passei a ter um dilema. Precisava cumprir meus compromissos que tinha até novembro, incluindo um congresso de RH, e queria resolver o mais rápido possível a situação judicial.

Fiquei no Brasil entre julho e novembro de 2010 para não cancelar contratos já assinados. Os negócios cresciam, pois além de consultoria, já no primeiro mês havia palestras em São Paulo, Campinas, Cuiabá, Campo Grande, Rondonópolis e Porto Velho. Foi durante esta viagem que escrevi o artigo “Ipês-Amarelos”. Foi um dos meses mais sofridos porque tive de encontrar forças para falar para milhares de pessoas enquanto meu coração sangrava. Precisava falar de Psicologia Positiva enquanto tudo ao meu redor era tão negativo, tão sombrio. Somente em junho de 2011, tive meu julgamento decidido: pagamento à Disney no valor de USD 40.839,00 e 200 horas de trabalho voluntário num período máximo de três anos. Toda esta história é importante para entender meu envolvimento com a Imigração. A Imigração pode checar, periodicamente, a situação de todos os imigrantes legais, não apenas quem tem residência permanente, mas até aqueles que se tornaram cidadãos.

Interessante que meu psicólogo favorito, Viktor Frankl, esteve presente nos meus dias solitários. Uma das frases mais marcantes dele era como um livro de cabeceira: “What is to give light must endure burning”; numa tradução livre, “tudo aquilo que se transforma em luz deve enfrentar, suportar o fogo”. Também me lembrei da frase de Alejandro Spangenberg “o fogo do sofrimento acende a luz da consciência” e não poderia ter esquecido de Friederich Nietzsche com sua célebre frase “aquilo que não puder me destruir, me tornará mais forte”. Por último, Oscar Wilde que disse que “todo santo tem um passado, mas todo pecador tem um futuro”.

O GOSTO DA LIBERDADE

     Talvez, precise de um livro para relatar todas as coisas boas de ambas experiências. Levaria um livro inteiro somente para explicar meus ganhos na conscientização do que chamamos de liberdade. Meu gosto por ela está muito mais aguçado e, por isto, o sofrimento tem valido a pena. Foram nos 67 dias que finalmente descobri o significado da palavra misericórdia. É quando 1 – olhamos com os olhos de quem está sofrendo, 2 – pensamos com a mente de quem está sofrendo e 3 – sentimos com o coração de quem está sofrendo. A partir daí, entendi que o verdadeiro perdão é consequência da profundidade destes três passos. Aprendi a não comparar sofrimentos, pois meus 67 dias poderiam não valer nada quando comparados com o sofrimento de Viktor Frankl nos campos de concentração. O sofrimento de uma criança que deixa seu sorvete cair na areia deve ser levado tão a sério quanto qualquer outro sofrimento. Em resumo, é algo baseado em cada experiência pessoal e que deve ser respeitado.

Os 67 dias fortaleceram a ideia de criar o Seeds of Dreams Foundation, onde tirarei uma porcentagem da lucratividade do Seeds of Dreams Institute para ajudar pessoas necessitadas, em especial, idosos, imigrantes, crianças, entre outros. Aprendi que uma minoria aprende através da punição, mas acredito que existe uma melhor alternativa. Aprendi que punição nada mais  é que uma forma desumana de correção; punição amendronta; correção ensina; correção é como passar uma pomada na ferida e ainda assoprá-la suavemente, com um sorriso; punição é apertar a ferida até a mesma sangrar, sem compaixão; punição nos transforma em gatos escaldados e passamos a ter medo até mesmo de um banho de cachoeira; punição nos prende; correção nos liberta; aprendi que lágrimas são remédios milagrosos para feridas abertas; aprendi que a frase “errar é humano” é desumana porque a sociedade só a fala da boca para fora. Errar é humano até você cometer o erro. Quando isto acontece, aí você passa a ser julgado como um ser perfeito. Eu ainda acho que os erros podem ser fontes inesgotáveis de sabedoria e evolução. Se Thomas Edison não tivesse “errado” tanto, provavelmente estaríamos na escuridão até hoje. Desde quando o medo contribui para o enriquecimento humano? Como uma criança aprende a andar? Caindo e se levantando. Qual é nosso papel quando ela cai? Punir ou corrigir? Um alimenta o medo; o outro alimenta a coragem. Você quer um filho corajoso ou medroso? Estou esperando sua resposta! Aprendi que a gratidão é um dos maiores bens que possuímos, por isto sou grato pelo que tenho passado; aprendi que não temos inimigos, mas instrutores. A Disney e a justiça americana simplesmente estão me lapidando e, por isto, sou grato pela luz que me estão proporcionando. Walt Disney uma vez disse: “o que adianta ser luz se não for para iluminar o caminho dos outros?”. Sou um ser humano de carne e osso e, óbvio, tenho tido meus momentos de tristeza e mágoa profunda; mas a gratidão tem prevalecido. O Mickey Mouse sempre terá um espaço no meu coração por todas as alegrias que me proporcionou. Ele também sabe que meu erro não apagará quinze anos de meu suor, minha paixão e muita dedicação para o crescimento da empresa no Brasil e nos EUA.

Aprendi a respeitar os calos de todos os imigrantes que encontrei. Ao apertar suas mãos, percebi imediatamente seu valor para o crescimento deste país. Percebi sua importância no suco de laranja doce que bebo, na casa confortável que vivo, entre outras coisas; aprendi que eles tem histórias fascinantes que um dia pretendo contar em palestras, artigos e livros; se pudesse, pagaria os melhores advogados para que pudessem defendê-los; se pudesse, pagaria os melhores psicoterapeutas para cuidar de seus filhos e esposas enquanto eles estivessem presos; meu Seeds of Dreams Foundation um dia ainda realizará esses e muitos outros sonhos. Descobri que os governantes deveriam se envergonhar por deixar seus cidadãos sairem de sua pátria para buscar sonhos em terras estranhas. Descobri que todos nós, sem exceção, somos imigrantes. Os Estados Unidos da América não podem ser pai e mãe por culpa de governantes estrangeiros e incompetentes. Os Estados Unidos da América terão, em alguns anos, mais da metade de seus habitantes como imigrantes e isto, por si só, já isenta este pais de discriminação. Existem abusos? Sim, mas precisamos ver o quadro completo. Aprendi que o valor de dar um sorvete, um biscoito ou uma ligação para família não está no que é dado, mas sim no gesto; aprendi com os idosos e tentei ensinar aos jovens; aprendi com um nigeriano, Samuel “Chimba”, que “Deus sabe o que é melhor”; aprendi que evitarei a frase “bem feito!” quando alguém for condenado. Não defendo crimes, mas também não piso em quem já está no chão e sangrando; aprendi que um corpo físico acorrentado não prende o nosso espírito. Descobri que a Psicologia Positiva tem tudo a ver com a maternidade. As mães protegem seus filhos quando erram porque elas sabem que eles são bem maiores que seus erros. Elas sabem que uma ou algumas manchas não podem vencer todos os acertos de uma vida inteira.

 

POR QUE OU PARA QUE?

Aprendi o valor de perguntar “para que?” em vez de “por que?”. O primeiro busca significado para a experiência; o segundo rejeita todo o processo; o primeiro nos traz lições; o segundo nos traz traumas; o primeiro nos liberta; o segundo nos prende; aprendi, finalmente, que um passarinho não combina com uma gaiola, nem um peixe com um aquário. Acredito que fazemos muitas coisas na vida de uma forma inconsciente, sem má intenção. Por isto, precisamos urgentemente entrar num nível de conscientização do que acontece ao nosso redor, do que fazemos diariamente. Há mais de dois mil anos, um Homem disse: “Senhor, perdoai-vos porque eles não sabem o que fazem”. Com todo respeito às diferentes religiões, doutrinas, filosofias e crenças, esta frase cristã tem muito a nos ensinar. Uma interpretação profunda da mesma pode transformar, positivamente, nossa sociedade. Aprendi que a cura da dor está, muitas vezes, na própria dor. Ou seja, não podemos fugir, precisamos encará-la e senti-la na sua essência.

Fui transparente com meus clientes e tomei as decisões mais difíceis da minha empresa exatamente durante estes 67 dias; todos foram avisados do que estava acontecendo; sim, perdi negócios, mas sei que fiz a coisa certa e estou seguro do sucesso futuro de minha organização; aprendi mais em 67 dias que em anos de escola; a vida me deu mais um doutorado da vida e a tese foi a própria prática; aprendi que pensar ou falar é bom, mas fazer, executar é o que realmente conta na vida. Aprendi que fé + realismo é a combinação mais próxima do milagre; vejo muita gente vivendo somente com a fé; aprendi que você não precisa de um milhão de amigos para passar uma tempestade; aprendi o real significado de família.

Eu não perdi 67 dias de minha vida. Eu ganhei décadas de aprendizados. Uma, duas, algumas experiências não definem uma pessoa. Que a tecnologia humana chegue a um nível que consiga ir além de impressões digitais tão bem arquivadas nos poderosos computadores. Que esta tecnologia também possa arquivar impressões do coração e da alma humana. Que possamos escrever nas pedras nossas fortalezas e na areia nossas fraquezas. Meu inverno está produzindo raízes fortes para uma primavera longa, positiva e inesquecível. Shakespeare me ensinou que mares calmos não fazem bons marinheiros, e, por isto, chego a ser grato à tempestade; um amigo peruano me ensinou que “en mar revuelto gananza de pescador” e, por isto, lanço uma rede cheia de sonhos no meio da imensidão do mar turbulento.

No dia da nossa fecundação, provamos que somos vencedores. Não viemos para esta vida para sermos perdedores. Derrotas são apenas circunstanciais. Só isto. No campeonato da vida, perdemos alguns jogos. É bem verdade que algumas derrotas são mais duras, mais longas, mas não deve haver dúvidas que elas oferecem, proporcionalmente, as melhores lições; por incrível que possa parecer, fracassos são aprendizados que se transformam em combustível para vitórias futuras e mágoas são aprendizados que se transformam em combustível para nossa felicidade. Por isto, somos vencedores, porque chegamos a um ponto de usar nossas próprias “fraquezas”, nosso próprio sofrimento para nosso porvir impactante e brilhante. Claudemir já perdeu alguns jogos, mas jamais perdeu campeonatos. O segundo tempo nem começou e já estou em campo para fazer a diferença na minha e na vida das pessoas. A boa notícia é que ainda temos prorrogação, terceiro tempo e por aí vai. Segundo Teilhard de Chardin, “não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual; somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

Este penúltimo parágrafo é dedicado especialmente a minha amada esposa, Deborah. Ela revisa quase todos os meus textos, incluindo este, com opiniões sábias. Óbvio que ela revisou tudo até o parágrafo anterior. Portanto, será uma surpresa. Declaro publicamente meu pedido de perdão por tudo o que ela tem passado. Na minha escuridão, ela foi minha luz. No meu pesadelo, ela foi meu sonho. Na minha tristeza, ela foi minha alegria. Descobri que meu amor por ela transcende o físico, ou seja, mesmo separados, estávamos conectados todo o tempo. No meu primeiro e rápido telefonema para explicar o que estava ocorrendo ficou na minha memória sua doce voz dizendo, entre lágrimas, “eu te amo”. Fui levado algemado e acorrentado pelos pés e pela cintura, de Orlando a Miami e depois Pompano Beach. Havia, pelo menos, uns 45 imigrantes na mesma situação. Foi a viagem noturna de ônibus mais dura e mais longa da minha vida. É triste ver um homem assim; é muito triste ver vários homens assim; é quase desumano e indescritível ver você mesmo assim. As assustadoras correntes passaram a ser correntes do bem, pois seu amor me envolveu naquela viagem me trazendo serenidade, luz, paz e a certeza que não estava sozinho; no fundo, no fundo, foi o eco do seu “eu te amo” que deixou meu espírito livre durante todos estes dias. Nunca me senti preso. Por você ser minha alma gêmea, a algema também não me assustou. Por tudo isto, por toda a minha gratidão pelo seu amor e pelos aprendizados desta experiência, devolvo, para você, minha eterna namorada, o meu eterno “eu te amo”. Deborah, você é mais que uma experiência humana; você é uma experiência espiritual!

Breve Reflexão: uma década depois (2020)

Eu tinha 45 anos quando tudo isso aconteceu. Dez anos depois, e durante essa pandemia, andei fazendo reflexões sobre a vida. Eu acredito que os aprendizados, que coloco no próprio artigo, são atemporais; portanto, todos eles se aplicam mesmo hoje. O título, então, nem se fala. Gratidão é algo que me fez superar praticamente tudo. Serviu como pomada para essa ferida. A Disney bate no meu coração, para sempre!

Os maiores ganhos foram minha aproximação com minha esposa, que decididamente me fez chegar aqui, com minha família e com vários amigos. Tive depressão profunda na época. Não tinha ainda um negócio sólido. Todas as minhas economias se acabaram. Chances de arrumar um emprego bom nos EUA eram pequenas. Seeds of Dreams Institute era tudo o que tinha, mas zero de negócios. Mas a Psicologia Positiva estava ali nos meus momentos mais difíceis. Tentava encontrar significado em tudo.

O que passei tem muito a ver com o momento atual. Na época, eu não podia viajar. Foi quando criei webinars, ou seja, já fazia treinamento online, tão comum nos dias de hoje, para tentar sobreviver, pois estava literalmente quebrado. Minha esposa fazia o tratamento de câncer de mama. Estávamos sem renda. Era tudo muito duro.

Os ganhos foram maiores que as perdas. Os cabelos brancos me trouxeram sabedoria e consciência. A empresa cresceu. Escrevi cinco livros, dois em fase de diagramação e mais três em desenvolvimento. Ainda consegui terminar um doutorado e consegui minha cidadania americana. E, no meio desse furacão, minha esposa me influenciou a adotar um cachorrinho chamado Lucky e, depois, a Annie. Lucky partiu no dia 4 de fevereiro deste ano. Uma dor indescritível e somente quem convive e ama esses animais pode entender. Até parece que ele veio apenas para acalmar a minha alma. E acalmou! Quanta alegria tive com ele no home office, palavra tão usada hoje. Como ele me ensinou sobre companhia e amizade! Quanta gratidão tenho à vida por tudo o que passei! Quanta gratidão eu tenho por seguir adiante em busca do meu melhor!

É impossível sair de uma situação como essa sem cicatrizes. Também é impossível sair de tudo isso sem ganhos. Considero-me uma pessoa muito mais humana, pois o sofrimento também é professor. O medo do julgamento também machuca porque minha superação pode ser interpretada como "fracasso" para outros. Faz parte do processo. Num dos artigos, eu chamo este processo de uma "viagem solitária" e única. Não tem como transferir. Busquei significado na experiência. É como se tivesse vencido uma luta contra um "câncer" agressivo. Por isso, vejo o processo como um ato de superação.

Durante esta fase, uma amiga que fazia doutorado comigo usou uma frase de Oscar Wilde que serviu como um oásis no meu deserto: "todo santo tem um passado; todo pecador tem um futuro." Ah, o poder de uma frase! Acredite se quiser, mas ela me fez atravessar um oceano na escuridão. Ajuda-me até hoje. Foi uma forma de me aceitar como um "pecador", como uma pessoa "falível", mas com um futuro para "consertar" meus erros. Ela me ensinou que sou um ser em evolução. Foi tão importante que a repeti aqui nas minhas reflexões.

Quero ser melhor hoje que fui ontem. Quero ser melhor amanhã do que sou hoje. Sigo em busca de evolução. Gratidão por ter você na minha jornada. Gratidão.

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